Como adquirir um automóvel






Certamente, qualquer um de nós já pensou para consigo: "Vou comprar um carro!", mas isso não é um acto que se pratique assim de uma hora para a outra. É necessária alguma reflecção, além de algum dinheiro, claro.
Seguidamente vou expôr alguns métodos para a aquisição de um automóvel, mas como é certo, nenhum deles é perfeito, tendo todos eles as suas vantagens e inconvenientes.


1. O método napolitano
Após atenta observação, chega-se à conclusão que há dois tipos de automóvel: os que circulam com pessoas lá dentro e os que estão parados sem ninguém no interior.
Os nosso amigos Napolitanos cedo se aperceberam que os automóveis que não circulam não chamam tanto a atenção do que os restantes, e que era mais fácil aproximarem-se deles discretamente, forçar a fechadura e roubá-los.

Vantagens Desvantagens
  • Roubar um carro não custa um tostão
  • Não existe qualquer compasso de espera para entrar na posse do veículo
  • Sistema de alarme com gás paralizante
  • Pastor-Alemão no banco de trás
  • De dois anos de choça (no mínimo)



2. O método francês
Os Franceses têm o gosto da democracia no corpo, É do conhecimento geral, e por isso aperfeiçoaram um método generoso e republicano para que toda a gente possa ter o seu carro: a venda em segunda mão.
O condutor francês, caridoso por natureza, sofre de alma e coração ao ver um peão desfavorecido passar entre os veículos em vez de se juntar ao resto do engarrafamento. Sofre também quando vê o anuncio do novo Peugeot na televisão, pois o francês orgulha-se da sua indústria automóvel injustamente denegrida pelo resto do mundo. Como adquirir o novo Peugeot de cinco portas/quatro rodas/um volante, última palavra da tecnologia do leão e fazer inveja ao resto do pessoal lá do escritório? Vendendo o carro velho, claro! A quem? É claro que é ao infeliz pe&attilde;o que não tem dinheiro para comprar um carro novo. Um gesto nobre e generoso!


3. O método americano
Os americanos são crianças grandes. Quando um americano vê na televisão publicidade ao último Plymouth, reage como um francês com o Peugeot. O americano que não tem hipótese de adquirir um Plymouth no quarto de hora seguinte atira-se para o chão aos gritos. A mulher chama o psiquiatra, o patrão abana a cabeça e despede-o, o filho snifa cola e os negros do quarteirão provocam um tumulto. Enfim, tudo corre mal.
Tal como o francês não pode adquirir de imediato o automóvel. Pior ainda, não pode vender o velho porque acabam de lho roubar (um napolitano, provavelmente). O americano tem alma de pioneiro, herdou isso do avô que comduzia diligências em pleno território Sioux.
O americano inventou assim a compra a crédito. Nada de dinheira à vista, pagamento em duas mil oitocentas e doze prestações suaves, de quinze contos cada. O americano, já o disse, é um bocado parvo.

Vantagens Desvantagens
Nenhum pagamento inicial Quando se acabam de pagar as duas mil oitocentas e doze mensalidades, o Plymouth está de tal modo antiquado que nem os napolitanos o querem.



4. O método alemão
Simples e elegante, o método alemão consiste em visitar um concessionário e pagar o automóvel em cash. TãO simples quanto isso.
Nada de discutir o preço, receios sobre o estado da embraiagem, confusões com a polícia: entra-se, paga-se e já está. E depois, tudo é permitido, pode escolher-se a marca que se quer, Mercedes, BMW, Porsche, Audi... A côr que se quer, o dia de entrega, basta pagar! Em marcos!


5. O método russo
Os russos são mais tesos que os franceses ou os americanos, mas têm amor-próprio.
Para participarem, apesar de tudo, nesta grande festa que é a condução, puseram em funcionamento um método subtil que vai ganhando adeptos um pouco por todo o mundo: a multipropriedade.
Faça como eles, compre um automóvel com sete pessoas e sirvam-se dele à vez. Um dia cada um. Serguei, à segunda, o Miroslav à terça, o Vladimir à quarta, e assim por diante até ao domingo, em que esse filho da mão do Alexander leva a boazona da Mika a dar um passeio até St Petersburg. (Nota: Não esquecer incluir os passeios dominicais no pereço... Quem ri por último ri melhor) Claro que o simpático método russo tem inconvenientes. Sobretudo para aquele que tiver de encher o depósito. Invariavelmente isso cria problemas no seio da multipropriedade.


6. O método Vaillant
Aperfeiçoado por Michel Vaillant e Steve Larson, inventores e condutores da célebre Vaillante, este método extraordinário consiste muito simplesmente em construir a sua própria viatura. São inúmeras as vantagens:
1. Podemos baptizá-la com o nosso próprio nome ou o nome da sua esposa. A Joaquina, ou a Leopoldina, ou até Francisca, ou melhor ainda, imagine-se ao volante da sua Francisca 16 válvula injecção turbo sport. Diga lá se não soa muito melhor que "Simca 1000"?
2. Podemos dar-lhe a forma e o aspecto que quisermos. Acrescentar um spoiler à frente. Um banco atrás. Jantes largas no meio. É mesmo possível colocar o banco à frente. Tudo é permitido, desde que haja catadiópteros. Sim, são precisos catadiópteros. A lei é porreira, mas não brinca no que se refere aos catadiópteros. Não se esqueça de os incluir no orçamento (Dois catadiópteros por apenas 750$00 esta semana, no sítio do custume ;-) ).
3. Construir um automóvel é mais fácil do que parece. Basta reunir o seguinte material:
- Quatro sofás, ou dois sofá e um canapé (um velho jogo de maples serve perfeitamente)
- 600 Kg de chapa de ferro.
- Pneus de borracha.
- Um motor.
- Vidros.
- Um volante.
- Um spoiler.
- Jantes Grandes.
Juntar as peças com auxílio de porcas e parafusos. Encher de gasolina e está pronto a andar!
4. Se por acaso o seu protótipo ficar entre os primeiros classificados nas 24 Horas de Le Mans, um industrial audacioso irá decerto propor-lhe que construa automóveis em série, e então ficará rico e poderá finalmente comprar um automóvel.





Por aqui se vê que existem diversas formas de adquirir um automóvel. O leque é vasto, não sae sabe qual escolher. E ainda não acabou! A partir do momento em que decidiu qual o método de aquisição, será ainda necessário escolher a marca, o modelo, a côr, as opções!...
Mas isso ficará para uma outra altura.